Preservação de mídias digitais: desafios dos museus no século XXI
Palavras-chave:
Preservação digital, Mídias digitais, Degradação em museusResumo
Este trabalho discute os desafios enfrentados pelos Museus no início do século XXI frente ao conjunto de fatores que levam à degradação das mídias digitais e, por consequência, a perda das informações. Partindo de museus com tipologia audiovisual, notou-se que a rápida obsolescência tecnológica de softwares e hardwares, e a degradação dos suportes, associado aos facilitadores que levam a produção de dados em larga escala, afetam a preservação da memória tanto humana quanto da máquina. O excesso de informação poderá levar a possível perda de informações através do esquecimento (humano) ou pelo desaparecimento da informação devido à fragilidade do meio em que está armazenada (máquina). Visando compreender quais atitudes estão sendo tomadas para preservação da memória armazenada em suporte digital, investigamos como decisões políticas e administrativas afetam diretamente a preservação dos acervos museológicos em suporte digital. Foi escolhido como estudo de caso o acervo do Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. Embora a migração periódica de dados para suportes com tecnologia progressivamente superior seja vista como forma de preservar a informação contida num suporte obsoleto, compreende-se que, ao menos na realidade brasileira, tal ação torna-se inviável por questões financeiras ou por falta de corpo técnico especializado. Para analisar a fragilidade química das mídias magnéticas frente a alguns poluentes atmosféricos (ácido acético, ácido fórmico e formaldeído) encontrados em microambientes de guarda de coleções, foram analisadas amostras de fita magnética nos seguintes formatos: fita cassete de dióxido de cromo; fita cassete de óxido de ferro; mini fita cassete digital de vídeo; fita LTO-4. Os testes foram realizados empregando-se Microscopia Eletrônica de Varredura com Espectroscopia por dispersão de Energia (SEM-EDS), microscopia Raman e espectroscopia de absorção no infravermelho (FTIR). Observou-se que ocorre modificação na morfologia da camada magnética, que se torna mais porosa e apresenta fissuras, ocorrendo inclusive o desprendimento de fragmentos. Dentre os poluentes considerados o mais agressivo às fitas foi o ácido fórmico. Os resultados mostram que além das questões ligadas à obsolescência equipamentos de reprodução/gravação dessas mídias, bem como de softwares e deterioração política administrativas, a presença de poluentes em ambientes de guarda também não devem ser negligenciados.