A formação em Museologia nas universidades brasileiras: reflexões sobre o ensino da gestão e do planejamento sob a ótica da Museologia
Palavras-chave:
Ensino e Formação, Gestão Museológica, MuseologiaResumo
A oferta de cursos universitários em Museologia se expandiu de maneira significativa ao longo das duas últimas décadas no Brasil. Se até princípios dos anos 2000 o país contava com apenas dois cursos de Bacharelado ativos - o da Universidade Federal do Estado do Rio de janeiro (UNIRIO) e o da Universidade Federal da Bahia (UFBA) -, atualmente, encontram-se cadastrados no Ministério da Educação (MEC) dezesseis cursos voltados para essa área de formação, o que evidencia a dinamização e crescimento do setor museológico no cenário brasileiro. Não obstante, este processo de ampliação das perspectivas de formação profissional suscita uma série de questões e desafios, devendo ser objeto de análises que colaborem para a proposição de diretrizes comuns para a capacitação profissional, com vistas ao fortalecimento do campo disciplinar da Museologia. Sendo assim, no intuito de contribuir para as discussões voltadas à capacitação na área - principalmente no que se refere ao ensino das noções de gestão e de planejamento, sob a perspectiva desta disciplina - a presente pesquisa teve como finalidade mapear o perfil da oferta formativa que caracteriza os cursos de Bacharelado em Museologia atualmente em funcionamento e, mais especificamente, verificar como as ideias de gestão e planejamento aparecem nos currículos dos referidos cursos. Para o seu desenvolvimento, nos valemos de métodos qualitativos de análise, como levantamento bibliográfico sobre a consolidação da Museologia enquanto campo disciplinar independente e sobre a trajetória do ensino na área dentro do contexto brasileiro; além da consulta das diretrizes nacionais para formação na área e dos programas pedagógicos dos cursos, com suas respectivas matrizes curriculares e ementários das disciplinas. A sistematização e posterior análise dos dados permitiu identificarmos que houve avanços no âmbito da formação profissional em nível de graduação em Museologia no Brasil não só em termos quantitativos, como também em termos qualitativos, o que, sem dúvida, vem contribuindo para a consolidação deste campo disciplinar. Com relação à gestão e ao planejamento, o protagonismo alcançado por estes temas junto ao universo museológico fez com que, na atualidade, sejamos levados a tratá-la como uma função do museu, para além das tradicionais funções de salvaguarda, pesquisa e comunicação (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013). De fato, esta centralidade se reflete na configuração da oferta formativa em vigor no país, que dispõe de componentes curriculares que abordam questões relacionadas a estas noções. Entretanto, sinalizamos para a importância de pensarmos a gestão desde uma perspectiva museológica, que dialoga com as dimensões teóricas e práticas do campo, contribuindo para a consolidação da Teoria Museológica e para a conformação daquilo que Maria Cristina Oliveira Bruno (2015a) identifica como olhar museológico - olhar este que se fundamenta em contraposição às visões fragmentadas e tecnicistas que tendem a compreender as experimentações no campo de modo compartimentado, o que impossibilita o entendimento de sua totalidade dentro de uma perspectiva processual.